Guia de profissões da música eletrônica: marketing com Lúcio Dorazio
Como sempre a intenção do Play BPM é informar e ao mesmo tempo desenvolver ao máximo a indústria nacional de música eletrônica. Nesse sentido, vamos falar as profissões existentes neste mercado. Quem sabe você, amante da música eletrônica, também não pode trabalhar com essa indústria e ser feliz?
Conversamos com Lúcio Dorazio, responsável pelo setor de marketing da Artist Factory, sobre todas as tarefas agregadas na profissão, quais as características importantes para a função e como é trabalhar no marketing com artistas da cena eletrônica. Confira!
Obrigada por aceitar nosso convite! Conta pra gente quais suas funções como profissional de marketing de um(a) artista/agência.
Olá, eu quem agradeço pela oportunidade de falar um pouco mais sobre esse trabalho tão incrível que é o encontro do marketing com a música eletrônica.
Falando um pouco sobre as funções que desempenho atualmente, posso garantir que é um trabalho bastante amplo, que envolve o gerenciamento de carreira 360 graus de alguns artistas da cena eletrônica. Em suma, eu ajudo a criar e desenvolver estratégias de de marketing que possam contribuir para a consolidação da imagem do artista em âmbito nacional e internacional, incluindo o estudo e definição do cronograma de lançamentos de músicas, áudio e Repertório (A&R), relacionamento com plataformas de streaming e gravadoras nacionais e internacionais (Universal Music, Austro, Som Livre, Sony, Spinnin' Records, Armada, entre outras), intermediação de parcerias e collabs entre artistas, aprovação de contratos de royalties e autoral, prospecção de novos negócios e parcerias, estratégias digitais. Além disso, uso muito da minha experiência como jornalista para criação de roteiros audiovisuais, produção de conteúdos para mídias sociais, assessoria de imprensa e relações públicas.
Como disse anteriormente, é um trabalho plural que perpassa por todos os pilares da carreira de um artista.
Há quantos anos tem trabalhado nessa área? É sua formação acadêmica?
Trabalho na área de management artístico e marketing desde 2018. Minha primeira formação é o Jornalismo e, mais recentemente, me pós-graduei em marketing digital pela ESPM.
Quando e como surgiu a oportunidade de trabalhar como marketing na indústria musical?
A oportunidade surgiu por acaso. Um amigo que trabalha com marketing artístico e musical há muitos anos, sabendo da minha paixão pela música eletrônica, me chamou para somar no time no escritório no qual ele trabalhava. Na hora não pensei duas vezes e aceitei o desafio. Logo de cara me apaixonei por tudo e mergulhei de cabeça nesse universo, sempre buscando aprender mais sobre esse mercado tão plural da música.
Quais os benefícios e as dificuldades de ser do staff de grandes nomes do ramo?
Os benefícios são vários, mas o principal deles é a oportunidade de aprender e também somar com a carreira de quem já é conhecido no mercado e com um público fiel, de certa forma, consolidado - mas é importante também dizer que sempre há para onde crescer. Não diria dificuldade, porque com um bom time unido tudo é possível, mas o grande desafio é o de sempre superar, seja em ações, em parcerias ou propriamente nas entregas das músicas. Um artista já consolidado é bastante cobrado e, por isso, requer muita atenção e cuidado no planejamento. O público e a mídia estão sempre esperando por algo melhor e maior do que já foi feito. É um trabalho que exige evolução e aprimoramento constante de ideias. Não há espaço para regredir e um dos objetivos é o de conquistar um público cada vez maior e mais plural em cada ação ou lançamento, levando o nome do artista para mais e mais pessoas.
O que você considera ser essencial na sua profissão? Qual característica é crucial para essa função?
Ser apaixonado pelo o que faz diariamente é crucial em qualquer função. Eu sou apaixonado por música eletrônica desde que me entendo por gente. Essa paixão por esse universo me trouxe naturalmente até aqui. Desde criança, sempre gostei de pesquisar música dos mais variados tipos. Na época dos cds, as pessoas me pediam para gravar seleções; já mais recentemente, com a chegada das plataformas streaming, eu me via fazendo playlists a pedidos de amigos e terceiros para as mais diversas ocasiões, de churrasco e aniversário à casamentos (rs). O negócio foi ficando sério e hoje entendo que não teria outro caminho. Além disso, é fundamental estar atento ao universo da música, das tendências do mercado, conhecer artistas que não são tão populares e também é muito importante construir e manter um bom relacionamento com fornecedores, com a mídia, gravadoras, plataformas etc.
Qual conselho você daria para quem gostaria de começar nessa área e no mercado da música eletrônica?
O fato de falar inglês sempre me abriu muitas portas, então o conselho que eu dou é: aprenda a falar inglês. Hoje, além dos cursos tradicionais do mercado, existem ferramentas online gratuitas que permitem o aprimoramento da língua. Eu reforço isso porque o trabalho de management e marketing artístico exige bastante relacionamento e isso envolve lidar diariamente com grandes labels internacionais - seja enviando promos, negociando lançamentos, analisando contratos, aprovando releases etc -, sem mencionar o relacionamento e interlocução com artistas internacionais. Sabemos que um dos pilares para um artista se tornar cada vez maior é a expansão do seu público e isso implica você a ter que buscar, construir e alimentar relacionamentos com pessoas de fora.
Sobre o autor
Vitória Zane
Editora-chefe da Play BPM. Jornalista curiosa que ama escrever, conhecer histórias, descobrir festivais e ouvir música eletrônica <3