O primeiro festival de música eletrônica do mundo: conheça a história do icônico Mysteryland
- Por Caio Pamponét -
À medida em que o mercado de música eletrônica segue numa ascensão histórica, novos eventos e festivais vêm surgindo e evoluindo constantemente para surfar nessa onda.
Hoje nós temos como referência na vanguarda da indústria nomes como Tomorrowland, Ultra e EDC, mas precisamos voltar um pouco na história para conhecer o pioneiro de todos eles, um verdadeiro precursor desse cenário - o Mysteryland.
Considerado o festival de Dance Music mais antigo da história - e um dos primeiros de House Music do mundo - o Mysteryland carrega uma jornada de três décadas e já foi enaltecido pelas maioras revistas e jornais do planeta, de The New York Times a Rolling Stones.
Todo esse prestígio é fruto não só da experiência musical incrível que o festival proporciona, como também por promover a arte, cultura e sustentabilidade na sua essência.
Conheça agora a história por trás do Mysteryland Festival, a "mãe dos festivais de música eletrônica".
A origem: entre sucessos e crises
Acompanhando a chegada da House Music ao redor de toda a Europa, Sander Groet e Brian Bout da empresa TNT (The Nations Top) decidiram se reunir para criar um festival voltado ao gênero em 1993. Impulsionado pelo hype gigantesco que a Dance Music vinha conquistando no mercado, as primeiras duas edições do 'Mysteryland' foram um sucesso de público, atraindo milhares de fãs para dois dias de festa no Autódromo de Midland, em Lelystad (em 93) e no Porto de Roterdã (em 94).
Porém, os envolvidos na produção do festival fizeram uma má gestão financeira e não conseguiram lucrar o suficiente para manter o evento de pé, sendo obrigados a cancelar a edição de 1995.
A volta por cima
Após dois fracassos finaceiros consecutivos, chegou a hora de mudar a fórmula: passar de 3 dias para apenas um dia de festa.
Apesar de reduzir a duração do festival, o Mysteryland retornou em 1996 em um local ainda maior: o Aeroporto de Eindhoven, numa área de quase 3km. Além disso, contou também com a inserção de uma nova vertente: o Hardcore, que vinha crescendo com força no continente europeu.
A volta por cima foi tamanha que em 1997 foram realizadas três edições do festival, ainda que uma delas se tornasse conhecida como"The Blubber Edition" (ou "A Edição Borbulhante"), quando o parque Bussloo ficou debaixo d'água (e lama) por causa de uma tempestade que rolou durante o evento.
Já em 1998, o Mysteryland marcou seu terceiro ano consecutivo batendo a presença de 25 mil pessoas, mudando de local para o Parque Lingebos.
Inclusão da diversidade musical e colaboração com a ID&T
Até os anos 2000, o Mysteryland já começava a incluir uma variedade maior de estilos musicais nas line-ups, convocando artistas do Trance e do Techno, como Tiësto e Monika Kruse, subindo para um público de 35 mil fãs de música eletrônica e apresentando mais palcos.
A partir da virada do século, o Mysteryland viveu sua primeira virada de chave: a oficialização da parceria com a ID&T. Para quem não sabe, a ID&T é uma das maiores empresas de eventos do mundo, a mesma que produz o Tomorrowland e fez parte do Awakenings e Defqon.1.
Se os caras antes não tinham a experiência para se organizar financeiramente, a colaboração com ID&T foi essencial para mudar esse contexto e elevar o nível das produções de palco.
O encontro do local perfeito
Depois de passar por 8 locais diferentes, o Mysteryland finalmente encontrou seu par perfeito para se estabelecer a partir do ano de 2003: o campo Floriade, uma área rodeada por natureza, com lagoas, bosques e colinas arborizadas, localizada a meia hora da capital.
Essa mudança representou uma segunda virada de chave para o festival, que agora atraía 40 mil pessoas (mais que o dobro da edição de 2000) e entregava line-ups com os nomes mais relevantes da cena eletrônica: Roger Sanchez, Tiësto, David Guetta, Steve Angello, Armin van Buuren, Benny Benassi, Richie Hawtin, Paul van Dyk, Sven Väth, Ferry Corsten e muito mais.
A imersão com a arte
No aniversário de 15 anos do festival, em 2008, o rolê já tinha até mesmo palco de hip hop. Nessa edição especial eles inseriram um pilar essencial da experiência Mysteryland que se perpetua até os dias atuais: a cultura da arte.
Agora, mais de 60 mil fãs de música puderam prestigiar, além de 150 dos maiores DJs do mundo, perfomers, coletivos de arte contemporânea e grupos de teatro que imergiram o público para um ambiente ainda mais artístico e cultural.
Expandindo territórios
Ampliando seus horizontes, o Mysteryland começava a agradar uma enorme variedade de público, abraçando vertentes do Trap ao BigRoom, do Minimal ao Hardstyle, e sentiu que era o momento de visitar outros países.
De 2011 a 2014, o festival realizou edições no Chile, e de 2014 a 2016 desembarcou nos Estados Unidos, no terreno original do Woodstock de 1969, em Bethel, Nova York.
O retorno às raízes
E vem aí mais uma virada de chave! 2015 ficou marcado como o ano que o Mysteryland deixou de ser um evento de apenas um dia para se tornar um festival de três dias - assim como em sua criação (mas dessa vez com camping).
Com uma programação musical eclética e uma programação de atividades diferenciada, como workshops de dança e origami, yoga, meditação e até rodeio, o Mysteryland 2015 entregou um palco memorável e sets de Alesso, Martin Garix, Steve Angello, Knife Party, Porter Robinson e outros 300 artistas.
Os quase 90 mil ingressos para essa edição se esgotaram em apenas meia hora, um tempo recorde na história do festival.
O auge
Prestes a parar suas atividades devido a pandemia, o Mysteryland chegou ao seu ápice na edição de 2019, ao contar com mais de 100 mil visitantes de mais de 100 países e uma programação de +300 artistas.
A qualidade da decoração e organização do festival se aproxima muito do nível Tomorrowland, exalando criatividade ao longo de todos os seus 11 palcos, restaurantes, instalações de arte, áreas de relaxamento e oficinas de workshop.
Prestigiado pela sustentabilidade
Como o festival rola numa reserva natural, eles têm a consciência da responsabilidade ambiental envolvida no seu processo de produção.
Seguindo uma rígida regra de "não deixar vestígios", todos os resíduos gerados durante o festival são removidos e descartados ou reciclados.
Além disso, durante todo o rolê são utilizados copos recicláveis, que se devolvidos à equipe do Mysteryland, a pessoa concorre a prêmios especiais.
Vale lembrar que eles oferecem água gratuitamente nos bebedouros do próprio evento, reduzindo bastante o consumo de garrafas plásticas.
A marca Mysteryland é uma das mais premiadas e certificadas quando o assunto é sustentabilidade em festivais, tendo conquistado o "3 Stars Green Industry Certificate", a mais alta designação de sustentabilidade nos setores de artes criativas, música e teatro, além de vencer o EE Music Award pela maior redução no consumo de energia de todos os festivais europeus.
A celebração de 30 anos
Para os apaixonado por festivais de Dance Music, eu te garanto que essa é uma experiência que você merece viver pelo menos uma vez na vida! Já coloca logo na sua listinha de desejos que prometo não vai se arrepender!
Em 2023, o Mysteryland completa 30 anos de história e irá celebrar com uma line-up espetacular: Adam Beyer, Alesso, Hardwell, Joris Voorn, Sven Väth, Oliver Heldens, Timmy Trumpet, Meduza e muitos outros nomes incríveis.
A Play BPM terá a honra de participar e você vai ficar por dentro de tudo que rolar nesse super festival através da nossa cobertura exclusiva! Fica ligado em nossas redes e não perca nada do Mysteryland!
Imagem de capa: Divulgação.
Sobre o autor
Caio Pamponét
Graduando em jornalismo pela UFBA e Redator da Play BPM. Um apaixonado por música desde a infância que cultiva o sonho de viajar pelo mundo fazendo o que ama e conhecendo novas culturas. Com um desejo inerente de fomentar a cena eletrônica de sua terra - Salvador, BA, Caio Pamponét respira os mais diversos BPM's e faz da música o seu combustível diário.