Fala amantes do BPM, tudo bem com vocês?
Pretendo fazer deste espaço uma potencial mudança de chave no seu repertório, seja musical ou de comportamento, gerando reflexões e ainda mais consciência sobre o que é viver pela música eletrônica.
Eu acredito que o nosso mercado tenha espaço para crescer muito mais, ser muito maior do que somos hoje. Mas é preciso crescer de forma sólida e sustentável. Quero ampliar a sua percepção do que está acontecendo neste exato momento em todo o planeta, literalmente. Quero inspira-los para um caminho ainda mais promissor e criativo em nossa indústria.
Estamos juntos.
Enviem as suas críticas assim que lerem a matéria. Só assim poderemos crescer e melhorarmos, juntos.
É o compromisso com a dance music que deve ressoar paixão infinita pela sua carreira e futuras gerações
A ideia de que uma vida dedicada a fazer algo que você ama é uma vida bem vivida é contraditória. Alguns aspectos deste texto podem ser úteis para alguém que está começando na indústria musical e também para aqueles com plano de ataque pronto.
Ao longo da linha do tempo da minha vida, as coisas mudaram significativamente, tanto na forma de atuar com a música, quanto na cultura da vida noturna, na essência do DJ em si, na forma de compor um line-up e na forma de consumir música. Os DJs costumavam ser DJs sozinhos, mas agora eles estão sempre se juntando a um amigo ou até mesmo em uma dupla, um trio, o que torna as apresentações ainda mais criativas. As melhorias na tecnologia de DJs nos últimos anos significam que você quase não precisa de um DJ para tocar um set, muito menos dois ou três, mas num contexto onde a música está mais viva do que nunca, imagina o resultado de um trabalho discográfico neste espectro com mentes criativas e unidas?
Collab bro? Mais do que nunca, um ‘must do’ para ampliar as chances e ser ainda mais reconhecido pela comunidade.
O business ficou bem sofisticado, avançado e gerando bilhões de dólares. Mas foi aí que talvez “personalidade e celebridade” se tornaram mais importantes em algumas programações musicais do que a própria música em si. E não adianta falar que gostamos de reclamar de Insta-DJs, multidões que não dançam e assim por diante. A realidade é que há muitas grandes festas que contratam DJs excelentes e também onde as pessoas vão dançar música, seja ela mais acessível ou mais da cultura underground. Aliás, tenho visto vários micro nichos tornarem-se grandes referências musicais para as atuais gerações, o que potencializa a criatividade em manada dos futuros DJs e a sonoridade do futuro.
Portanto, embora seja falso dizer que o culto à celebridade não afetou negativamente a cultura da vida artística na música, você também pode argumentar que o fim da cena comercial em busca por holofotes e efeitos especiais antes da música esteja distante. O tema parece lamentável, mas é mais para gerar reflexão, afinal, já ouvimos bastante sobre mais do mesmo, porém com diferentes fotos, não é mesmo?
Será que precisa mesmo ser festeiro excêntrico? Beber muito? Mandar o "f#da-se você, eu sou o DJ mais foda do Instagram”? Criar situações com tanta pressão enquanto a música nem está tão bem produzida e os únicos plays vem daqueles bots que geram fake-streams? Infelizmente este comportamento parece ser parte do default atual do mercado em uma parcela significante dos presentes e atuantes.
Da mesma forma que o business cresceu exponencialmente, ainda acredito que as pessoas não necessariamente estejam buscando ídolos somente visuais, é preciso interpretar a música eletrônica com mais profundidade, entender seu real significado, de unir pessoas, trazer sensações e realmente tocar a sua alma, trazer uma mensagem que possa ser capaz de mudar até o seu ‘clima do dia’, fazer daquele momento algo que você aja com um sentimento real. Mas só venho vendo mais e mais excessos de Insta-DJs, tanto durante o show quanto depois dele. Quero uma cena musical de verdade. Com lastro, que possamos gerar ainda mais consciência do que é ser um PRO PLAYER, com músicas reconhecidas por multidões e produzidas 100% aqui no Brasil.
Essas personas de DJs porra-loucas vão ficar para trás, foi assim com o Rock. Veja os mais ouvidos da atualidade, são bem comprometidos com uma mensagem mais pacífica e híbrida quanto a sua viagem musical. Ainda mais com tantas notícias sobre saúde mental, o aumento por estudos na vida dos artistas estampados em capas de jornais, artistas cometendo suicídios ou até mesmo largando a carreira por não aguentar o “mental touring stress".
Ao mesmo tempo, percebo DJs produtores supertalentosos, mas que ficam nessa de que não se autopromovem.. Em cenários de autopromoção, aqueles que optam para que sua música fale por si, precisam compor também. Trazer um pouco mais de reflexão criativa de “como promovê-la e atingir mais pessoas” é fundamental. O contexto é outro, o mundo mudou. A união destas duas reflexões pode realmente criar artistas vitoriosos de hoje pro amanhã.
Ser um bom DJ é como qualquer coisa. Se você fizer muito isso, você vai ficar bom nisso, então você vai precisar fazer muito. Vai precisar sair do estúdio para entender a dinâmica de um ritual festeiro, de uma pista de dança, com jovens, adultos, bêbados e drogados, seja no gênero musical que for, a estrada precisa rolar, por a cara para bater é a melhor formação de um pretencioso artista musical, mas com saúde e respeito com a sua mensagem, sempre.
Há muitos anos acompanho o desenvolvimento da música eletrônica no Brasil e ainda percebo que tem DJs que vivem em diferentes momentos. Eles ainda tem a ambição de conquistar grandes palcos, até me pedem ajuda, mas aqueles que ainda são ‘somente’ DJs, que ainda não são produtores musicais, estes precisam reconhecer que quando pensamos "eu não tenho tempo suficiente, preciso de uma sessão de estúdio mais longa, eu não sou capaz, eu não tenho dinheiro, eu não entendo de computador, eu preciso de um local dedicado para me inspirar" ou qualquer que seja a razão que inventamos para não produzir, isso é apenas procrastinação, é apenas o cérebro tentando evitar o trabalho duro e este formato tende a zero.
Muitos me dizem “foi sorte”, grande absurdo. Conheço e trabalhei com DJs que tinham só um único computador meia boca e hoje faturam dezenas de milhões de reais. Eles trabalharam pela sorte, tentar 1000x até conseguir e não colocar desculpas.
As melhores ideias não aparecem antes de você atuar, tentar, elas vêm enquanto você está tentando...
Não esqueçam: boa música e compromisso com a dance music.
Sobre o autor
Michel Palazzo
Eu vivo exclusivamente pela música eletrônica desde 1997 (inspirado por 𝐉𝐨𝐬𝐡 𝐖𝐢𝐧𝐤 e 𝐓𝐡𝐨𝐦𝐚𝐬 𝐁𝐚𝐧𝐠𝐚𝐥𝐭𝐞𝐫). Já toquei em todos os Estados Brasileiros e em mais de 10 países diferentes. Conquistei e negociei dezenas de milhões de reais ao 𝐬𝐡𝐨𝐰 𝐛𝐮𝐬𝐢𝐧𝐞𝐬𝐬, trabalhando de 𝐋𝐚𝐮𝐫𝐞𝐧𝐭 𝐆𝐚𝐫𝐧𝐢𝐞𝐫 a 𝐂𝐚𝐫𝐥 𝐂𝐨𝐱, 𝐀𝐛𝐨𝐯𝐞 & 𝐁𝐞𝐲𝐨𝐧𝐝 a 𝐅𝐚𝐭𝐛𝐨𝐲 𝐒𝐥𝐢𝐦, 𝐏𝐚𝐮𝐥 𝐎𝐚𝐤𝐞𝐧𝐟𝐨𝐥𝐝 a 𝐃𝐚𝐫𝐫𝐞𝐧 𝐏𝐫𝐢𝐜𝐞 (𝐔𝐧𝐝𝐞𝐫𝐰𝐨𝐫𝐥𝐝). Criei o selo 𝐔𝐑𝐁𝐑 – 𝐔𝐧𝐝𝐞𝐫𝐠𝐫𝐨𝐮𝐧𝐝 𝐑𝐞𝐜𝐨𝐫𝐝𝐬 𝐁𝐫𝐚𝐬𝐢𝐥, que em 2002 alavancou o mercado fonográfico nacional, através de quase 40 títulos em 𝐂𝐃 𝐞 𝐕𝐢𝐧𝐲𝐥, posicionando mais de 200 DJs e produtores tupiniquins pela primeira vez nas principais megastores de todo o país.