Summer Eletrohits: a coletânea brasileira de dance music que revelou, ensinou e bombou no país
Por tempos, quem faz parte da comunidade da dance music no Brasil sempre desejou que o estilo fosse e continuasse sendo cada vez mais popularizado no país. Hoje, felizmente nossos artistas da cena eletrônica nacional vêm ganhando notoriedade mundo afora, de ANNA, Vintage Culture a Alok, pelos seus primorosos trabalhos, é claro, mas também muito em função da explosão da internet que, de quebra auxilia demais na divulgação dos artistas, além da praticidade das plataformas de streaming para os consumidores.
Mas aí você me pergunta: como a Música Eletrônica era vista em terras tupiniquins antes do início dos tempos cibernéticos? Na década de 1990 o mercado fonográfico brasileiro também recebia fortes influências da Eurodance e, assim, no início dos anos 2000 um selo especializado em dance music desembarcou aqui para lançar a coletânea “Planet Pop”. Ao longo de cada novo volume, os CDs e DVDs de tal projeto iam fazendo tanto sucesso que chegou a ponto do álbum ganhar no Brasil um festival com o seu próprio nome.
Algo ainda comum até uns 12, 13 anos atrás, os brasileiros amavam comprar CDs, mesmo os álbuns originais sendo considerados um tanto quanto caros. A gravadora Som Livre (ligada ao Grupo Globo), por exemplo, era quem dominava o topo da lista de LPs físicos mais vendidos no Brasil. E vendo todo o sucesso do Planet Pop, foi aí que a label brasileira, juntamente com o programa TVZ do canal Multishow, decidiram desenvolver e comercializar sua própria coletânea eletrônica, o “Summer Eletrohits”.
Com a primeira edição sendo lançada em janeiro de 2005, o histórico Summer Eletrohits iniciava ali sua era que não só fortaleceu a cena dance nacional, pois uma das principais propostas da coletânea era justamente dar visibilidade aos DJs e produtores daqui, como ainda de uma certa forma permitiu que a música eletrônica adentrasse aos lares brasileiros mais tradicionais. Quem não se lembra da faixa “Can’t Get Over” de Kasino tocando várias vezes em “América”, famosa novela das 9 da TV Globo, ou dos comerciais do CD na própria emissora, que traziam desde Bob Sinclar até David Guetta?
Podemos dizer que o auge do Summer Eletrohits foi desde o ano de seu debut até 2009. Com a consolidação das plataformas virtuais, como YouTube e Spotify, e a partir da sétima edição do próprio LP, que abancou trazer tracklists quase que completamente conhecidas pelo público, a tão amada coletânea começou a perder força, mesmo se adequando ao mercado fonográfico moderno e tentando resgatar sua identidade de 2017 em diante. O Summer ainda veio sendo lançado até 2020, porém neste mesmo ano já somente via internet e por algum tempo sob curadoria da Austro Music, selo de música eletrônica pertencente a Som Livre.
Fato é que, não só o redator que escreveu este texto, mas um incontável número de brasileiros teve o CD físico do Summer como principal ponte para conhecer, escutar mais e se apaixonar de vez pela música eletrônica. Já o afeto de muitos por tal coletânea também vai permanecer eternamente, pelo menos dentre as gerações que viveram todo o fenômeno Summer Eletrohits.
Agora falando como fã de EDM, eu confesso que a primeira música eletrônica por qual me apaixonei, isso aos 8 anos de idade, foi “Axel F” do Crazy Frog, faixa tocada diversas vezes na TV durante os comerciais do próprio Summer Eletrohits Vol. 2 (2005). Outro exemplo são as primeiras vezes que ouvi canções dos meus atuais ídolos através da coletânea, como “One (Your Name)” de Swedish House Mafia com Pharrell Williams (no Summer Eletrohits Vol. 7, de 2010) e “Tremor”, de Martin Garrix com Dimitri Vegas & Like Mike (no Summer Eletrohits 2016).
Enfim, o que todos nós só podemos dizer é Obrigado Summer Eletrohits! E para matar as saudades da coletânea, curta uma nostálgica playlist.
Imagem de capa: divulgação
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Douglas Anizio
Redator da Play BPM, Freelancer e graduado em Administração. Um eterno apaixonado por Música Eletrônica.