O Indie Dance em boas mãos no Brasil: uma reflexão sobre a atual leva de produtores nacionais do est
Apesar de ainda estar distante se comparado a estilos mais clássicos como o House, o Techno e o Tech House, o movimento do Indie Dance é uma crescente que não parece dar sinais de desacelerar. Cada vez mais presente nas pistas e nas produções de muitos artistas, o estilo retrô e nostálgico, mas ao mesmo tempo moderno e futurista, tem feito a cabeça de muita gente, e o público também tem comprado essa ideia.
Se voltarmos um pouco no tempo, podemos dizer que o ano de 2019 foi crucial nesta virada de chave que o estilo teve. Hits como “My Computer”, de Adana Twins e Glowal, ou a clássica “Starry Night”, da Peggy Gou — que foi lançada em abril de 2019 e ainda permanece entre as 20 tracks de Indie Dance mais vendidas do Beatport — foram algumas peças que fizeram o jogo começar a mudar, influenciando novos players a surfar esta onda.
Claro que isso também tem refletido no mercado brasileiro e até caído nas graças de artistas que são da “velha guarda”. Terr, Joyce Muniz e Renato Cohen, brasileiros que já possuem anos de estrada e uma carreira consolidada, têm revisitado as sonoridades dos anos 70 e 80 e inserido essa timbragem mais vintage em algumas produções. Terr está atualmente com 5 faixas no Top 100 do gênero no Beatport; Joyce Muniz acabou de lançar um álbum de 12 faixas com forte presença do Indie Dance em várias músicas; já Renato Cohen resgatou essa vibe analógica em um remix para a faixa “Accent”, de Sandhog.
Porém, quem também tem aproveitado muito bem esse momento são os artistas mais jovens, usufruindo de suas fases de descobrimento para mergulhar fundo na sonoridade mais Indie, mostrando que ainda há muito espaço para o crescimento do estilo adiante. Mau Maioli, Vasconcellos, Armonique, MeMachine, Leo Diniz, Fel C, Mila Journée, IDID, Vini Pistori, Beatric, Acid Guys, BRK (BR) e tantos outros estão fazendo um belíssimo trabalho nesse sentido, alguns deles, inclusive, marcam presença no novo VA da Samambaia Records, batizado de Indie For Dance, lançado em meados de junho. A label é uma iniciativa do duo Salkantay, que através de suas curadorias buscam, de fato, fomentar a solidificação do estilo em diversos espaços da cena nacional.
O VA traz um ótimo recorte de talentos que estão surgindo no Brasil guiados por uma estética oitentista. Em suas músicas, incluem criativamente uma roupagem contemporânea com forte presença de sintetizadores, baterias reverberadas e baixos com sonoridades bem peculiares que dão aquele toque especial. Destaque para a track “Last Day”, de Armonique, que consegue aflorar diferentes sentimentos e sensações ao longo da faixa, progredindo de uma atmosfera mais introspectiva e sombria do começo para uma vibe alegre e dançante nos minutos seguintes.
O VA completo você pode conferir abaixo:
Imagem de capa: divulgação