- Por Caio Pamponét -
Recentemente, um dos portais de maior referência mundial no quesito de tracklists de sets de música eletrônica divulgou seu relatório anual de 2021 trazendo inúmeros dados e estatísticas em relação a nossa cena de Dance Music. Diante de uma análise detalhada da pesquisa realizada pelo 1001Tracklists, nós da Play BPM trouxemos aqui alguns aprendizados que pudemos extrair do relatório, oferecendo algumas dicas e apontamentos muito importantes para fãs, apreciadores, DJs e produtores musicais de música eletrônica.
Confira abaixo um pouco mais da nossa perspectiva musical do ano passado!
Brasil no topo do mundo
Nunca antes a cena brasileira de música eletrônica esteve tão em alta como ultimamente. Muitos DJs brazucas vêm encontrando sua sonoridade particular ideal e se encontrando artisticamente durante esse período de pandemia, o resultado disso são bons números nos charts e vários suportes internacionais de peso. O maior exemplo disso vai para o sul-mato-grossense Vintage Culture, que teve um ano impecável e conquistou o posto de artista mais tocado de 2021, principalmente pelo seu hit “Love Tonight”, em parceria com Kiko Franco. Outros artistas também marcaram presença no relatório, como VINNE, Alok, Leandro da Silva, NUZB e Dubdogz. Você, produtor musical, aproveite esse momento perfeito para surfar na onda nacional de Dance Music e não desacredite no potencial do seu som, pois nossa cena está emergindo e exportando cada vez mais novos talentos.
Nem todo hit vem de cima
É comum acharmos que as tracks que mais bombam são feitas por grandes artistas ou DJs de renome. Seria hipocrisia negar isso, porém temos que observar também que uma boa parte dos hits vêm de novos produtores e jovens talentos dentro da cena eletrônica. Todos os anos, vários DJs saem do anonimato para o sucesso da noite para o dia. Um ótimo exemplo disso é o americano ACRAZE, que precisou apenas da track “Do It To It” para conquistar toda a comunidade de Dance Music e assegurar o título da música eletrônica mais tocada de 2021 e com o maior tempo no topo dos charts globais, segundo o relatório. Indo para uma realidade ainda mais remota, podemos lembrar do Imanbek, que produzindo dentro de seu próprio quarto num pequeno distrito do Cazaquistão, conquistou um grammy e ganhou notoriedade mundial com seu remix para “Roses”, fazendo-o acumular collabs com Alan Walker, David Guetta, Don Diablo e Marshmello.
Tech House é imparável
O que era uma tendência futura, agora é uma realidade concreta. O Tech House é, sem dúvidas, a maior vertente da música eletrônica atualmente - e isso pode ser facilmente visto no relatório do 1001 Tracklists. A maior parte das tracks mais tocadas pelos DJs no ano são de Tech, representando um grande percentual em relação às outras vertentes (22%). Além disso, vários DJs do gênero ficaram no topo da lista de artistas mais tocados do ano: John Summit, Biscits, GUZ, Chris Lake e Martin Ikin são alguns dos maiores difusores. Não podemos esquecer do brasileiro Vintage, que no ano passado se aventurou também no Tech House, ocupando 3 posições do Top 15 da vertente com as tracks “Free”, “You Give Me A Feeling”, e o remix de “Drinkee”. Com tudo isso em vista, é notório que o gênero não tem limites e com certeza seguirá em alta por um bom tempo nos ouvidos dos fãs de eletrônica.
Underground conquista espaço no Mainstream
Nos últimos anos, a cena vem cada vez mais incorporando uma sonoridade mais profunda e introspectiva. Isso tem sido impulsionado principalmente pelos gigantes da indústria, a exemplo de David Guetta, Laidback Luke, Nicky Romero e Oliver Heldens. Muitos destes criaram projetos alternativos para poderem migrar para um som mais underground, seja produzindo Techno Melódico ou Peak Time. O próprio Guetta criou um estilo próprio denominado Future Rave, que conseguiu unir os potentes synths do Techno com as batidas frenéticas do Big Room e Progressive House para revolucionar (mais uma vez) o cenário da Dance Music global. Essa metamorfose musical promove a união de públicos distintos e a quebra de tabus – uma cena que dificilmente imaginaríamos acontecer há alguns anos.
Radio Shows seguem em alta
O que pode parecer um pouco ultrapassado para alguns, ou muito trabalhoso para outros, acaba sendo um dos melhores meios dos artistas manterem a conexão com seus fãs fora das pistas. Os radio shows ainda permanecem sendo uma tendência interessante dentro da indústria de música, além de aproximar mais o DJ com seu público, também são um espaço para ele mostrar seu conceito musical, seus gostos pessoais e até mesmo testar com exclusividade suas novas tracks. Segundo o relatório, figuras como Tiësto, Armin van Buuren, Timmy Trumpet, Sasha e Oliver Heldens, conseguem reunir mais de 3 mil ouvintes por episódio, cumprindo com a missão de criar um ambiente para promover novos talentos e divulgar músicas inéditas para seus fãs.
Novas vertentes se destacam
Como tudo na vida é versátil, a cena eletrônica também não escapa disso. Todos os anos, novas sonoridades despontam dentro da Dance Music, criando verdadeiros movimentos musicais em torno da vertente. Em 2021, foi a vez do Afro House ascender na indústria, impulsionado. principalmente, por nomes de peso como Black Coffe, Diplo e Vintage Culture. Isso trouxe uma maior visibilidade para artistas que já produziam esse som antes mesmo do gênero alcançar seu ápice - podemos citar o sérvio Space Motion e a dupla brasileira Drunky Daniels, que cresceram bastante no último ano com suas pegadas tribais e grooves africanos. Isso nos mostra que se você produz um som ‘fora da caixa’, ele pode ser seu trunfo para conseguir fazer a diferença e se destacar com autoridade na cena.
Idade não é documento
Você já ouviu aquela frase: “nunca é tarde demais para ser aquilo que sempre desejou ser”? Assim como na vida, na música eletrônica não existe ‘idade certa’ para ser bem sucedido. Alguns podem até achar que a idade pesa na hora de se destacar na indústria musical, mas o que o David Guetta nos mostra é que, apesar de já ter passado fases incríveis na carreira, sempre há tempo para se reinventar e chegar ao auge. Se ele, com uma trajetória consolidada e respeitada, lotando as pistas do mundo inteiro por mais de 30 anos, deixou o conformismo de lado e se desafiou a desbravar novos caminhos, por que você, ainda mais jovem que ele, não poderia tentar chegar aonde tanto sonha? O ‘titio’ Guetta ainda ensina que independente de idade, nós podemos (re)encontrar o caminho para as nossas realizações pessoais. E é por isso que com seus 54 anos, ele segue numa de suas melhores fases artísticas, imergindo no mundo Pop, disseminando sua nova sonoridade Future Rave e explorando novos sons através de seu projeto underground Jack Back, justificando seu posto como DJ mais popular do mundo e um dos mais respeitados dentro de toda a comunidade da música eletrônica.
Para conferir o relatório completo do 1001 Tracklists, basta acessar este link.
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Caio Pamponét
Graduando em jornalismo pela UFBA e Redator da Play BPM. Um apaixonado por música desde a infância que cultiva o sonho de viajar pelo mundo fazendo o que ama e conhecendo novas culturas. Com um desejo inerente de fomentar a cena eletrônica de sua terra - Salvador, BA, Caio Pamponét respira os mais diversos BPM's e faz da música o seu combustível diário.