Entenda como a música eletrônica chegou e continua crescendo no cenário gamer
- Por Caio Pamponét e Cissa Gayoso -
O “Magnavox Odyssey”, lançado em 1972, foi o primeiro videogame do mundo, e desde seu lançamento muita coisa mudou nesse mercado. Atualmente, temos modelos de consoles tão avançados que não somente é possível jogar, como também é possível ouvir música, navegar pela internet e muito mais.
À medida que a tecnologia avança, os consumidores esperam gráficos cada vez mais complexos e visuais impressionantes. Quanto mais próximo da realidade, melhor, né? No entanto, o foco aqui é a música. Você já parou para pensar em como a música eletrônica e o mundo geek possuem um denominador comum? Sim, isso mesmo. A música eletrônica não está somente presente nas festas ou nos fones de ouvidos dos amantes da vertente, mas também em diversos outros expressivos mercados ao redor do mundo.
O primeiro jogo a apresentar uma música contínua foi o “Rally-X”, lançado em 1980, e desde então as trilhas sonoras dos games avançaram tanto que podem ser comparadas com trilhas sonoras de qualquer filme de Hollywood.
Quando se trata de videogames, a música eletrônica nos remete aos computadores e consoles 8 bits (processadores que utilizam oito bits de uma vez só para executar suas operações). Nesse sentido, há também o “chiptune”, que é a música eletrônica feita com chips geradores de som programáveis fornecidos com consoles antigos, computadores domésticos e máquinas de fliperama. De acordo com o avanço dos chips e dos jogos cada vez mais sofisticados, os desenvolvedores perceberam que havia um nicho de mercado para amantes da dance music dentro do universo geek. Dessa forma, os jogos baseados em música começaram a aparecer.
Em 1996, um dos primeiros jogos baseados em música foi lançado pela Sony, o “PaRappa the Rapper”. Além disso, ele foi também o primeiro jogo de ritmo, que deu início a todo um gênero por conta própria. Depois dele, muitos outros jogos baseados em música e ritmo apareceram no mercado. “Rez for the Dreamcast” foi um deles, inspirado na música disco europeia. A partir de então, as máquinas de dança começaram a aparecer em fliperamas e outros locais de entretenimento.
Duvido achar alguém que não se lembre do “Dance Dance Revolution”, o jogo do tapete com as setas que fez todo mundo dançar em público! Fecha os olhos e se imagina com 10 anos pisando em cima daquelas setas. Que tipo de música era aquela? Eletrônica, claro!!! O jogo foi extremamente popular no Japão, e gerou uma variedade de versões e até mesmo campeonatos mundiais. De acordo com a revista We Rave You, um ex-campeão mundial do Dance Dance Revolution se tornou DJ, usando, então, suas habilidades no jogo para produzir músicas.
Como não falar do "DJ Hero"? Lançado em 2009, para PlaylStation 2 e 3, Xbox 360 e Wii, o jogo era derivado da família "Guitar Hero" e nele você tinha a chance de tocar como um DJ em diversos gêneros.
Mas e atualmente? Como podemos relacionar o mundo gamer com o mundo da dance music? Com o avanço da tecnologia, a forma de interseção entre esses dois mundos é ainda mais presente do que antigamente. Hoje em dia, toda a publicidade voltada para o mundo dos videogames funciona muito melhor quando acompanhada com uma trilha sonora impecável. Por isso, muitos DJs foram empregados na criação de trilhas sonoras de jogos, incluindo Skrillex (em "Tony Hawk’s Pro Skater 5") e DeadMau5 (em "Test Drive Unlimited 2"). Jogos como Fortnite, Grand Theft Auto V (GTA) e Rocket League são alguns exemplos que tiveram shows virtuais de grandes DJs da cena eletrônica. No primeiro, Marshmello, Diplo, Deadmau5, Dillon Francis, Major Lazer e Steve Aoki fizeram parte do Party Royale, uma espécie de “área de eventos” dentro do game; no GTA, The Blessed Madonna, Solomun, Dixon, Tale of Us e outros já esquentaram as pistas virtuais do clube ‘The Music Locker’; enquanto que no Rocket League, Kaskade foi o anfitrião de uma festa online do jogo.
Após sua perfomance no Fortnite em 2019 que reuniu mais de 10 milhões de pessoas, Marshmello viu seus números no Youtube dispararem. Em visualizações, o crescimento chegou a 500%, enquanto que em inscritos alcançou os 1.800%. Além disso, atingiu um aumento de 2.000% em follows no Twitter. O DJ também se tornou o artista mais buscado no site da empresa de eventos Songkick, com 2 vezes mais visitas que o fenômeno global do K-Pop BTS; além de lucrar quase 20 milhões de dólares apenas com a venda de seu personagem no game. Não só ele como os outros DJs já citados acima também viram um crescimento de 10x em seguidores no Instagram após o evento virtual no Fortnite. Todos estes resultados comprovam que a união entre games e música eletrônica é um sucesso absoluto e pode trazer frutos abundantes para ambas as indústrias.
Além de tudo isso, vários DJs já lançaram seus próprios games. Para citar alguns, temos Avicii com "Invector" (jogo para Playstation e PC de 2017); Steve Aoki com “BeatBomb” em 2019 (jogo para IOS) e Alan Walker com “The Aviaton Game” (game para IOS e Android de 2021).
Outros grandes artistas também se envolveram com o mundo dos videogames de formas inusitadas. É o caso do DJ brasileiro Alok, por exemplo. Além de ser embaixador oficial do Free Fire, tendo seu próprio avatar (ou “skin”) no game, o DJ também tem seu próprio time e é streamer na plataforma da desenvolvedora, a Garena. Até mesmo o KSHMR marcou presença neste jogo, tendo sua música tema lançada e um personagem personalizado. O brasileiro mostrou também a força da comunidade gamer ao destinar cerca de R$ 27 milhões da renda de sua skin no Free Fire para combate a pobreza através do seu “Instituto Alok”.
No PUBG, jogo de celular bastante famoso, Alan Walker tornou-se embaixador em 2019, e neste ano, os gigantes Alesso, R3hab e Lost Frequencies também se aliaram nesta parceria, lançando singles exclusivos e participando da festa virtual oficial do game.
Os esportes eletrônicos ou eSports, como são chamados atualmente os jogos, se tornaram gigantes nos últimos anos. Jogos como Fortnite, Minecraft, Counter-Strike e muitos outros são fontes de rendas multimilionárias para muitos gamers. Sim, há torneios, atletas, equipes e muitas particularidades dentro desse meio. Para esse tipo de jogo de ação, a música eletrônica se encaixa perfeitamente como trilha sonora. Por serem muito pra cima, as músicas conseguem acompanhar o dinamicidade dos jogos e o casamento é perfeito.
Dessa forma, assim como retratamos no artigo sobre a importância da música eletrônica no Big Brother Brasil e na televisão, também destacamos aqui a expressividade de termos artistas e músicas da cena dentro de um mercado tão gigante como o mercado dos eSports.
Portanto, a música eletrônica segue sendo inserida nos mais diversos negócios e nós só temos a agradecer por isso, porque quanto mais longe ela chegar, mais pessoas tocadas por esse som existirão e é por isso que fazemos o que fazemos: para que todos possam enxergar esse amor e essa paixão pela música!
Sobre o autor
Caio Pamponét
Graduando em jornalismo pela UFBA e Redator da Play BPM. Um apaixonado por música desde a infância que cultiva o sonho de viajar pelo mundo fazendo o que ama e conhecendo novas culturas. Com um desejo inerente de fomentar a cena eletrônica de sua terra - Salvador, BA, Caio Pamponét respira os mais diversos BPM's e faz da música o seu combustível diário.
Cissa Gayoso
Sendo fruto do encontro de uma violinista com um violonista, a música me guia desde sempre e nela encontrei a família que escolhi para chamar de minha. A partir de 2021, transformei minha paixão em profissão e, desde então, vivo imersa nas oportunidades e vivências que este universo surpreendente da arte me entrega a cada momento! De social media à editora-chefe da Play BPM, as várias facetas do meu ser estão em constante mudança, mas com algumas essências imutáveis: a minha alma que ama sorrir, a paixão por música, pela arte da comunicação, e as conexões da vida que fazem tudo valer a pena! 🚀🌈🍍