O que o lançamento de Flakkë na gravadora de KSHMR nos ensina sobre correr atrás dos nossos maiores sonhos?
Se tivesse uma lista dos maiores fãs brasileiros de KSHMR - e quem sabe do mundo todo? -, Flakkë estaria no topo ou entre os primeiros colocados, com certeza. O DJ e produtor paulista não esconde de ninguém o quanto admira o artista americano e o considera um gênio.
O Francisco - seu verdadeiro nome -, na verdade, é um artista em que todo DJ e produtor iniciante enxerga um pouco de si: dá pra ver que ele trabalhou muito para chegar onde está, e mesmo assim segue produzindo arduamente para crescer ainda mais.
Desde os tempos de banda de metal até os shows em pequenos clubes de São Paulo, Gran Fran cresceu na era de ouro do EDM e se lapidou até chegar ao Flakkë, momento no qual passou a ganhar notoriedade na cena eletrônica nacional.
Nove anos separaram o DJ e produtor de uma de suas maiores conquistas: desde 2012, quando começou a aprender a produzir, até 2021, quando realizou o sonho de lançar uma track pela Dharma Worlwide, gravadora de KSHMR.
Dos palcos de grandes festivais, como PUMP Manaus, aos stories engraçados para seus quase 20 mil seguidores, Flakkë vem batalhando e inovando todos os dias. Com muita dedicação, ele alcançou, em um pouco mais de uma semana, quase 230 mil plays em "Alone (Call My Own)". Esse é o resultado de muitas horas de trabalho e noites mal dormidas, seguidas de muitas respostas "não".
Perguntamos o que ele tem feito todos os dias para conseguir essa conquista. A resposta? "Além de acender incensos, eu faço música diariamente. Todo dia praticamente acordo, venho pro estúdio e fico nele até quase a hora de dormir. O mais bizarro é que já fiz algumas músicas pensando exclusivamente na Dharma, e nenhuma rolou. E foi justamente quando eu desapeguei disso que rolou a oportunidade naturalmente hahahah".
"A vida sempre tem me mostrado que a expectativa é um dos maiores inimigos do sonhador hahaha. Eu fiquei extremamente feliz quando outras tracks foram aceitas pela gravadora, mas também fiquei imensamente triste quando vi que por obra do destino deu errado. Dessa vez eu agi com frieza até que o contrato fosse assinado, e o mais importante: não contei para ninguém sobre isso enquanto não fosse 100% confirmado. Eu acredito muito no poder da energia e acho que quando se tem alguma coisa muito importante pra acontecer, quanto menos pessoas ficarem sabendo, mais chance de dar certo", completou.
É engraçado quando paramos pra pensar que um DJ e produtor local acabou realizando o sonho de conhecer seu ídolo quando ele veio ao Brasil e depois emplacou uma faixa no selo do próprio. Gran Fran, na época, conheceu KSHMR no Laroc Club e o americano até tocou um mash-up do brasileiro durante a apresentação na mesma noite. Passados os anos, com o projeto Flakkë na ativa, o lançamento pela Dharma Worldwide chegou - e no momento certo!
Quando perguntamos o que ele diria aos DJs e produtores que tem o sonho de lançar faixas pela gravadora de seus ídolos, ele explica: "Eu diria para esses jovens não ficarem presos e apegados apenas a essa meta, e sim fazer música que eles mesmos e os fãs considerem boa! Eu acredito muito que o universo traz para você tudo aquilo que você põe energia e vibra e que ficar apegado a uma coisa às vezes pode ter um efeito negativo. Então meu maior conselho é fazer justamente o que eu fiz e deu certo. Esquece a meta, foca em fazer a sua música ficar tão boa que vai chamar atenção de outros produtores e da gravadora do seus sonhos."
E não é que tem dado certo? Flakkë já lançou em grandes outros selos, como no de Tiësto (Musical Freedom), em uma collab com Dubdogz, Mariana BO e LUISAH ("Drop It"), além de ter alcançado mais de um milhão de plays em seis tracks, incluindo o hit "Me Gusta" com KVSH, Beowülf e Emy Perez, e o remix de "Seatbelt" de Cat Dealers.
Então, no fim das contas, o que aprendemos com o lançamento de Flakkë pela gravadora do KSHMR? Que todos nós somos capazes de realizar nossos sonhos, basta batalhar e correr atrás daquilo. Com muita dedicação, mas sem criar expectativa demais, é possível subir um degrau de cada vez, respeitando o tempo, até riscar aquilo da sua lista de metas.
Pode passar um mês, 108 meses, 1.008 meses, seja o tempo que for... mas, quem sabe você que está lendo esse texto não possa ser o próximo a realizar seu sonho?
Sobre o autor
Vitória Zane
Editora-chefe da Play BPM. Jornalista curiosa que ama escrever, conhecer histórias, descobrir festivais e ouvir música eletrônica <3