Qual a importância da imprensa especializada para o mercado de música eletrônica?
Hoje, 1º de junho, é comemorado aqui no Brasil o Dia da Imprensa. A Play BPM, como parte da imprensa nacional, traz esse artigo para que vocês possam entender a importância dessa instituição. Mais do que informar o público, a imprensa é responsável por ajudar no desenvolvimento da sociedade, e dentro da indústria da música eletrônica não é diferente.
A imprensa é fundamental na sociedade democrática. Por isso, preservar a liberdade de expressão e de imprensa é um dever de todas as democracias. Quando mencionamos "imprensa" estamos falando de veículos de comunicação, incluindo jornais, revistas, emissoras de rádio e televisão, e portais que exercem o jornalismo. Estes meios devem pautar seu trabalho pela ética e pela isenção, sem favorecer nenhum lado numa reportagem. No Brasil, o Dia da Imprensa se comemorava, até 1999, no dia 10 de setembro, por ser a data da primeira circulação do jornal Gazeta do Rio de Janeiro, em 1808, periódico da Corte. Em 1999, a comemoração do Dia da Imprensa mudou e passou a ser celebrada no dia 1º junho porque foi a data em que começou a circular o jornal Correio Braziliense, fundado por Hipólito José da Costa. Este periódico iniciou suas publicações em 1808, mas era um jornal clandestino e começou a circular cerca de três meses antes, ou seja, sendo o primeiro da história do Brasil.
Vamos falar de música eletrônica?
No Brasil, a imprensa de música eletrônica é ainda recente, algo muito novo, assim como a cena nacional. Com certeza, diversos jornalistas especializados em música eletrônica existiam já na década de 90, mas foi durante os anos 2000 que ela ganhou força e expressão nacional. Não podemos deixar de citar nomes como Cláudia Assef e Camilo Rocha, e toda a contribuição deles para o desenvolvimento da cena nacional com informação e pesquisa. Também dentro dessa questão, criada há 14 anos, a conhecida House Mag se tornou umas das maiores revistas da indústria e trouxe nesses anos muita informação para os fãs. A revista segue criando sua história e continua firme na sua proposta de informar com qualidade. Mas foi nos anos 2010 que nossa imprensa especializada floresceu, nascendo diversos sites que até hoje informam e ajudam nossa cena a crescer.
Uma das revistas que deve ser citada aqui é a Phouse, que tinha como CEO e criador o jornalista Lucas Wagg que, infelizmente, faleceu no começo de 2020, e a revista foi descontinuada. A Phouse fazia entrevistas, cobria os eventos e mostrava ao público um pouco dos bastidores, no momento do boom do Big Room no Brasil, em meados de 2014, juntamente com os grandes festivais com os maiores artistas mundiais e o início do surgimento de nomes nacionais que hoje tem a maior expressão, como Alok e Vintage Culture. A revista tinha como base o estado de Santa Catarina, onde ocorriam muito desses eventos, dando destaque ao grande Green Valley, clube #1 do mundo, segundo o Top 100 Clubs da DJ Mag inglesa, que também era considerado a “Meca” dos artistas internacionais.
Nessa mesma fase, em 2015 nascia a Play BPM, que na época se chamava Play EDM, mas com base em São Paulo, na qual passamos a fazer o mesmo: trazer a informação, cobrir os eventos e deixar os fãs da música eletrônica mais antenados sobre esse universo. Essa também foi a época do nascimento do clube #18 do mundo, o Laroc Club, no interior de São Paulo. A Play BPM então se tornou a mídia nacional que cobria todas as aberturas da casa, com entrevistas em vídeo que podem ser vistas em nossocanal do YouTube. Desde então, seguimos com o mesmo intuito: ajudar a cena nacional a se desenvolver e chegar mais perto da realidade que vemos nos Estados Unidos e na Europa.
Com o tempo, We Go Out, Alataj, Wonderland In Rave, World of Raves, Eletrovibez, MixMag Brasil, Beat for Beat, Revista Play DJ, DJ Mag Brasil, DJ Sound, Colors DJ, Comfort Club, Houseando, entre muitos outros sites surgiram, criando um ecossistema saudável e necessário para o mercado brasileiro. Cada um com seu papel, atingindo públicos diferentes, mas todos fundamentais para o desenvolvimento da cena brasileira num ambiente saudável e democrático dentro da indústria. Isso, sem a imprensa, seria impossível.
Mas o que faz um veículo de comunicação especializado em música eletrônica?
Por trás de uma revista online, há um enorme planejamento editorial. Por mais que o objetivo seja sempre o mesmo - falar sobre música eletrônica - há diversos assuntos dentro do tema para serem abordados de maneiras diversas e com diferentes focos. Pesquisa, cronograma, deadline, pautas, entrevistas, releases… é preciso respirar 24 horas de música eletrônica, estar 100% antenado a tudo ao que acontece nesse universo da indústria musical, e entender de que maneira isso afeta ou influencia o mercado da música eletrônica.
Uma reportagem não é feita do nada. Uma pauta não surge sem motivo. Diversas cabeças estão ali, atentas, pensando e elaborando um cenário (por enquanto, digital) no qual o público possa participar, pertencer, refletir e outros tantos verbos no infinitivo que possam traduzir o objetivo de um veículo especializado: ter um espaço democrático para falar sobre música eletrônica. (E, quem sabe, inserir mais pessoas nessa cena, cultivar esse mercado e disseminar o universo da e-music para o país no geral).
E o que o público tem a ver com isso?
É dever da imprensa noticiar fatos relevantes para sociedade. E é direito das pessoas terem acesso às informações. E para que a cena eletrônica cada vez mais se solidifique e consolide no país, é preciso que o público consuma esse conteúdo.
Portanto, comente as postagens, compartilhe com amigos e faça a informação ir mais longe. Somente assim mantemos um ambiente democrático e cada vez mais acessível. Faça também a sua parte para o desenvolvimento da cena brasileira, e juntos chegaremos mais longe!
Feliz Dia da Imprensa no Brasil.