Artista colaborando consigo mesmo? Entenda essa nova forma de parceria na cena
Uma das práticas mais comuns dentro do meio musical é a junção de dois ou mais artistas criando um som. Na música eletrônica não é diferente. Dentro do mercado, podemos observar diversos DJs trabalhando em colaboração para compartilhar seus conhecimentos e, assim, criar tracks incríveis. São as famosas “collabs”. Mas isso nós já conhecemos, não é mesmo? A grande novidade é que artistas estão colaborando com eles mesmos, com o objetivo de divulgar novos projetos paralelos . Vamos entender como isso funciona.
Em primeiro lugar, colaboração significa exposição e é isso que agrega mais valor para um projeto. Se um artista pequeno se junta com um artista grande, o número de pessoas alcançadas é maior, obviamente. Dessa forma, colaborar com alguém significa impactar mais fãs e é exatamente isso que os DJs buscam ao se juntarem uns com os outros.
David Guetta, Nicky Romero, Tiësto e Laidback Luke são alguns exemplos de DJs que possuem músicas lançadas em collabs com diversos outros artistas, até mesmo de outros gêneros, como o pop. Só que agora eles estão indo além e aproveitando os benefícios de uma colaboração para alavancar outros projetos pessoais. Ou seja, as collabs são deles com “eles mesmos”. Essa ideia surge a partir do momento em que esses DJs, já consolidados em uma vertente, querem impulsionar seus projetos paralelos que se diferenciam em sonoridade e outros aspectos do que estamos acostumados a ver de cada um deles.
Jack Back é o pseudônimo underground de David Guetta e “Pelican” é o nome da track lançada em uma collab contando esses dois nomes. Para quem está acostumado com o som pulante mainstream, que facilmente te transporta para o palco principal de um festival, ouvir uma música mais pesada contendo “David Guetta” como autor pode até soar estranho. No entanto, a verdade é que essa prática só faz com que o Guetta trevoso chegue mais longe (e nós gostamos bastante disso).
Pensando no poder das collabs, a revista EDM.Com elencou seis pontos positivos para a prática. São eles: ter diferentes perspectivas, expandir o networking, ganhar experiência e conhecimento, aproveitar os seguidores, ter novas formas de ganhar receita e experimentar outras vertentes.
David Guetta, o DJ número 1 do mundo de acordo com o ranking da DJ Mag, é um dos mestres em trabalhar com outros artistas e é reconhecido por seus grandes hits envolvendo vários gêneros musicais. Além de todos os benefícios já citados, aliar-se com outros estilos musicais também democratiza a cena e faz com que a música eletrônica chegue cada vez mais longe.
Assim como o Guetta, Nicky Romero, famoso pelo big room, explora seu lado mais profundo, com vibrações clássicas do progressive house, para o projeto Monocule. Em um EP recheado com uma sonoridade não comum ao artista, Nicky Romero e Monocule lançam três tracks progressivas incríveis para o álbum Volume 1 e mais três para o Volume 2.
Também com a intenção de testar uma nova sonoridade mais focada na cena underground, Tiësto, que foi e é responsável por representar lindamente o trance no mundo, também “surfa a onda” trevosa com seu projeto VER:WEST. A track, lançada em collab com os dois, leva o nome de “5 Seconds Before Sunrise” e traz uma mistura incrível de elementos viajantes, tanto do trance como do progressive house.
Outro exemplo recente vem de Laidback Luke. O DJ e produtor teve sua origem no techno, chegando a ser residente do festival Awakenings, mas acabou largando o gênero e apostando tudo no big room, no qual também teve muito sucesso. Agora, retornando às raizes, ele lançou o projeto Dark Chanell com o EP "No.1" e parcerias entre os dois nas faixas: "PURPUR", "OCTAGON", "TROMMEL" e "TRAITOR".
A cena underground está cada vez mais em voga no meio da música eletrônica e é muito interessante ver como os artistas estão se adaptando e se moldando ao que o mercado necessita. Produzir essas collabs faz com que nomes como Jack Back, Monocule, VER:WEST e Dark Chanell ganhem mais espaço na cena, uma vez que estão acompanhados da artistas já consolidados no meio.
É uma prática ganha-ganha. Os novos projetos dos artistas ganham mais visibilidade e credibilidade, enquanto nós, fãs, temos novas experiências sonoras advindas de DJs que já têm nossos corações. Acreditamos que essa será uma técnica muito utilizada para que outros artistas explorem novas vertentes e criem novos projetos. Mal podemos esperar para acompanhar o que sairá dessas novas collabs, porque é muito bom ver DJs rompendo barreiras de rótulos e preconceitos existentes na cena.
Sobre o autor
Cissa Gayoso
Sendo fruto do encontro de uma violinista com um violonista, a música me guia desde sempre e nela encontrei a família que escolhi para chamar de minha. A partir de 2021, transformei minha paixão em profissão e, desde então, vivo imersa nas oportunidades e vivências que este universo surpreendente da arte me entrega a cada momento! De social media à editora-chefe da Play BPM, as várias facetas do meu ser estão em constante mudança, mas com algumas essências imutáveis: a minha alma que ama sorrir, a paixão por música, pela arte da comunicação, e as conexões da vida que fazem tudo valer a pena! 🚀🌈🍍