O presente artigo não tem como objetivo fazer apologia ao uso de drogas, mas sim promover informações de possíveis consequências desse uso.
Entendendo que as drogas - lícitas e ilícitas - fazem parte da cultura dos rolês desde o surgimento da música eletrônica, preparamos 7 dicas de redução de danos para trazer mais conhecimento e consciência aos que optam pelo uso dessas substâncias.
Conheça a Substância
Você, com certeza, já olhou para uma comida que parecia muito esquisita e se indagou: “O que é isso? O que tem ali?”. Então, por que seria diferente com a sua droga?
Conhecer aquilo que você está colocando no seu corpo é uma atitude de cuidado para com ele. Saber a procedência (na medida do possível, já que as substâncias ilegais não possuem regulamentação ou catalogação), ou seja, conhecer o fornecedor e utilizar testes colorimétricos para testar sua substância já é um bom começo. Além disso, você também pode pesquisar de que forma essa droga interage com seu corpo, quais os efeitos, as causas desses efeitos, as consequências, os riscos e as maneiras de reduzir os danos que ela pode causar.
Seja cauteloso com a dosagem
Ao contrário do que muitos acreditam, pequenas dosagens também são capazes de gerarem boas brisas, prefira sempre menores quantidades e uma re-dose (com cuidado!) do que doses absurdas logo de início.
Cuidado com as misturas
Combinar substâncias pode ser muito perigoso, então é muito importante que você preste atenção nas interações que podem ocorrer. O álcool e o ecstasy, por exemplo, é uma mistura comum de ver nos rolês, mas pode ser fatal… nosso corpo perde o dobro de água, e enquanto queremos ir mais ao banheiro, a retenção da bexiga é maior, e a rebordose dessa mistura… complicação em dobro! Então antes de combinar substâncias procure a respeito de suas interações pra ter uma viagem mais tranquila e confortável!
Conheça Você Mesmo
Um dos principais pontos na redução de danos às drogas é ter a consciência de como está o seu próprio estado mental e físico. Entender como você está se sentindo: feliz, triste, incomodado, cansado ou ansioso é a chave inicial para se ter uma brisa boa, segura e tranquila.
Essa reflexão sobre o próprio estado é essencial para entender como suas emoções vão interagir com a droga. Infelizmente, algumas pessoas a utilizam com o intuito de aliviar sentimentos desconfortáveis, porém se você não está se sentindo bem, o resultado provavelmente não será o esperado e você se afundará ainda mais nos sentimentos que está querendo fugir.
Além disso, também é importante ter atenção quanto ao estado físico do seu corpo. Está sentindo alguma dor? Se alimentou bem? Está descansado e hidratado? Nosso estado corporal também pode influenciar em como a viagem vai seguir seu rumo, por isso atente-se ao que seu corpo está te dizendo.
Perceba o Contexto
O contexto em que você se encontra conta muito para sua brisa, e as pessoas que estão com você também. É importante que você se sinta bem, confortável e seguro no ambiente. Também é interessante ter “uma rota de fuga”: algum espaço onde possa deitar, com poucos estímulos e acolhedor. Tenha alguém de confiança próximo, que você saiba que pode conversar abertamente, que cuidará de você e te apoiará em momentos difíceis, evite utilizar com pessoas que possam zombar de você ou forçar a sua trip para caminhos tortuosos.
Como ajudar meu amigo na bad?
Primeiramente, você não pode se desesperar junto, não há como auxiliar o outro se não estiver se sentindo bem emocionalmente e fisicamente para isso.
Comece ajudando-o a encontrar um lugar calmo e uma posição aconchegante. Após isso, inicie uma respiração guiada, use palavras simples como "inspira" e "expira" ou "puxa" e "solta", preste atenção na velocidade em que a pessoa está e não tente impor um ritmo a ela.
Forneça um espaço de carinho e cuidado, lembre seu amigo de que está tudo bem, que você está com ele e que tudo isso vai passar. Se ele quiser conversar, use um tom calmo e seja um bom ouvinte, tome cuidado com as pontuações que você pode fazer, nesse momento tudo é muito sensível, prefira escutar do que falar. Não julgue, não dê sermões, não fique querendo investigar as causas do sofrimento. Caso ele não queira conversar, só fique ali e não o deixe sozinho, é muito importante que a pessoa se sinta acompanhada.
Quando perceber que ele está mais tranquilo, se volte às necessidades básicas: ir ao banheiro, beber água ou comer algo, se está sentindo alguma dor ou se precisa se aquecer mais.
Como agir pós-bad?
Depois da montanha-russa de emoções, muitas pessoas ficam com aquela ressaca moral, e aí é interessante que você integre essa situação à sua vida e entenda o que rolou. Tire um tempo para entender o que aconteceu com você, quais foram os pensamentos que teve, os sentimentos (medos, angústias, incertezas), as sensações corporais e o que essa experiência estava trazendo de dentro de você, o que ela significou e como você pode usá-la para conhecer um pouco mais sobre você mesmo. Você também pode buscar ajuda profissional, como um psicólogo, ou mesmo conversar com seus amigos sobre a situação e o desenrolar de tudo. O importante é que você encontre formas de continuar externalizando esses sentimentos para poder dar uma conclusão a essa experiência, de maneira que você possa ressignificar um momento de desconforto em novas perspectivas.
Evite também utilizar a mesma substância por um tempo e reavalie a sua relação com ela. Isso quer dizer que você nunca mais vai tomar? Não. Mas quer dizer que você pode repensar a quantidade de informação que você tem sobre ela, a dose, a forma como você estava se sentindo, o contexto e as pessoas que estavam com você na viagem, e claro, se for a sua escolha, não utilizá-la mais ou consumi-la de uma maneira diferente.
Imagem de capa: divulgação
Sobre o autor
Isabella Ferreira
Estudante de Psicologia que se aprofundou nas práticas da redução de danos ao se conscientizar que há melhores e mais eficazes formas de olhar o uso e abuso de drogas. (Co)fundou o coletivo Clã Dahlia em 2019, quando pôde começar a atuar em festas e festivais através de informação, testagem e apoio em crises psicodélicas. Em 2021 iniciou seu projeto como DJ de Hardbeats, tornando-se membro da Zoom Records, Hard Family BR e Darkness Society. Também é amante dos estudos esotéricos e da tarologia.