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1 - Oferta x Demanda
O recorde de público do Amsterdam Dance Event 2023 mostra a força que a nossa indústria está ganhando nos últimos tempos. Aquele argumento sobre a demanda reprimida pós pandemia nunca esteve tão latente, vide a grandeza dos eventos na cidade holandesa agora em Outubro. Diversas labels fizeram eventos maiores, ou com mais edições e a quantidade de hotéis, pop-stores, e exposições com ativações das marcas da cena nunca foi tão numerosa.
2 - Gêneros e ciclos
Como sempre, o ADE encerra a temporada de festivais na Europa, mas ao mesmo tempo, mostra indicações do que irá ditar o mercado no ano seguinte. Vimos um enorme crescimento do Hard Techno e suas subvertentes, que ganhou muito mais espaço no protagonismo da conferência e das festas. Isso mostra o novo ciclo ganhando força, abrindo espaço para novos artistas e labels.
3 - Visuals ou Música?
Observamos bastante o protagonismo de alguns artistas que parecem não estar fazendo mais pela música. Sentimos que esse movimento dos grandes visuais e projeções ganharam um espaço grande na indústria, e de certa forma esses artistas estavam presentes em grandes shows no ADE. Seria essa parte do futuro da nossa cena?
Porém a conferência e seus eventos apresentam também muitas labels e shows onde o foco é a música e sua experiência sonora. Sinto que caminhamos para o lado oposto quando pensamos num modo geral, mas ao mesmo tempo, a resistência desses artistas e eventos “raízes” mostram que a essência da nossa indústria sempre continuará vívida e pulsante, enquanto nos conectarmos com a música.
4 - Tomorrowland 20 anos
Estive na abertura da exposição de comemoração de 20 anos do Tomorrowland e pude perceber que eles estão preparando uma comemoração incrível para edição na Bélgica em 2024. Eles criaram um cartoon, o símbolo que tanto conhecemos com pernas e braços: será que veremos algo ligado a isso?
5 - Festa imperdível
O verdadeiro ponto alto do ADE 2023 em questão de experiência de festa foi o Sunrise no The Loft com o duo suíco Adriatique. Uma produção simples, mas o fato de você estar no topo de Amsterdam, na A’Dam Tower, rodeado de vidros, e ser um abençoado com um nascer do sol incrível depois de 4 dias diretos de tempo nublado e muita chuva. A exclusividade do evento pelo tamanho do local, reuniu 300 verdadeiros entusiastas da música eletrônica para celebrar o último dia da conferência. Os artistas receberam essa energia durante as 5 horas e 20 minutos de set, nos levando em uma viagem sensorial.
6 - Fashion electronic music
Durante os 5 dias de eventos, observamos diversas interações entre o mundo da moda e o mundo da música eletrônica. Cada vez mais artistas de Techno e House estão sendo chamados para festas e apresentações das marcas, de forma exclusiva e/ou de surpresa para o público. HUGO trouxe Mochakk numa loja no meio da cidade, Número, revista de moda, trouxe Adam Beyer para sua festa de 300 pessoas, entre muitas outras. Aqui também vale ressaltar as diversas pop-stores criadas pelos artistas e labels para venderem seu merchandise, que muitas vezes tinha um estoque limitadíssimo, dando ainda mais demanda por escassez.
7 - Enxurrada brasileira
Vimos uma grande presença de artistas brasileiros nos eventos do ADE 2023. Nossa cena cresce a cada dia e a exportação dos nossos talentos nunca foi tão visível. Pudemos ver os diversos prêmios do 1001tracklist entregues aos brasileiros, por exemplo. O mercado internacional está de olhos bem abertos para o que está acontecendo aqui em nosso país. Acredito que podemos esperar um 2024 ainda mais grandioso para nossos artistas.
Imagem de capa: Reprodução.