4e20 - Legalização da maconha no Brasil? Entenda como está esse processo
Muito se fala sobre o porquê o número 420, ou 4e20 ou a hora 04:20 PM ou AM são associados à maconha. No dia 20 de abril (do inglês 4/20), aconteceu na cidade de San Rafael, na Califórnia (EUA), em 1971, uma grande manifestação para a legalização da planta. Desde então, o dia de hoje foi palco de várias manifestações em diversos países com o mesmo fim. Para trazer mais consciência sobre o tema neste dia, a Play BPM traz para você o panorama atual da legalização da Maconha no Brasil.
No Brasil, o processo de legalização, que vem acontecendo em diversos estados nos EUA, começa a dar passos de bebês. Um estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) mostrou que canabinoides são eficazes no tratamento de doenças neurológicas, incluindo parkinson, glaucoma, depressão, autismo e epilepsia. Além disso, há evidências da eficácia dos canabinoides contra dores crônicas, em efeitos antitumorais e também contra enjoos causados pela quimioterapia, além da aplicação no tratamento da espasticidade causada pela esclerose múltipla. Os canabinoides também demonstraram evidências de que são efetivos para o tratamento da fibromialgia, distúrbios do sono, aumento do apetite e diminuição da perda de peso em pacientes com HIV; melhora nos sintomas de síndrome de Tourette, ansiedade e para a melhora nos sintomas de transtornos pós-traumáticos.
Portanto, por que tanto tabú em volta desta planta? Embora seja uma planta de uso milenar e proscrita em vários países há bem pouco tempo, em termos históricos, a Cannabis está classificada na sua dupla condição de droga psicoativa. A criminalização da maconha no Brasil data do início do século 19, mas foi na primeira metade do século 20 que aqui e em outros países se intensificou a repressão ao consumo.
Mas os simpatizantes podem comemorar. A Anvisa autorizou em dezembro de 2022 a liberação à pesquisa científica nacional com produtos derivados de Cannabis. Essa definição de requisitos de segurança e controle para a realização das pesquisas, com fins científicos, foi etapa fundamental e premissa para a autorização. A autorização concedida permitirá que institutos em todo o país possam conduzir projetos de pesquisa pré-clínica para avaliação da eficácia e segurança de combinações de fitocanabinóides no manejo de sinais e sintomas associados a distúrbios neurológicos e psiquiátricos.
Apesar de sua utilização com fins medicinais há milhares de anos, ainda existe importante lacuna científica sobre as potencialidades, mecanismos de ação e efeitos do uso de Cannabis no organismo humano. Portanto, essas pesquisas são de extrema importância para avanços na área da saúde. A ausência de informações científicas acuradas pode implicar em imprecisão que impede, muitas vezes, a determinação da eficácia do uso de produtos derivados da Cannabis em terapias curativas ou amenizadoras de dores ou de outros sintomas indesejáveis oriundos das várias enfermidades humanas, como a ansiedade por exemplo.
É nesse sentido que a geração de conhecimento científico se torna a base para o desenvolvimento dessa indústria, que já existe com bastante força na Europa e nos Estados Unidos. Esperamos que o Brasil continue nessa onda e que a saúde vença. Precisamos evoluir nesse sentido.
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