Como a apresentação de Vintage Culture no Cercle pode impactar o futuro da cena brasileira?
A segunda edição do Cercle no Brasil, com realização da Síntese, trouxe uma grande expectativa para os fãs de música eletrônica. A estreia do DJ e produtor brasileiro Vintage Culture na label francesa marcou a história da cena nacional e, de diversas formas, impactou o futuro da nossa indústria como um todo.
O selo francês de sets ao vivo mais famoso do mundo da dance music desembarcou na cidade do Rio de Janeiro pela segunda vez para entregar aos fãs uma experiência audiovisual de tirar o fôlego. Em março de 2019, o bondinho do morro da Urca foi palco de uma apresentação épica do duo ucraniano ARTBAT. O set entrou para um dos mais assistidos do canal, e as 200 pessoas presentes evidenciaram algo único. O evento na última segunda-feira (24) não deixou a desejar. Para mil pessoas, o Cercle preparou uma verdadeira celebração da música eletrônica no Museu do Amanhã, edifício que faz parte da reurbanização da região portuária da capital fluminense.
Iniciando os trabalhos de 2022, como de praxe pelo canal francês, o local estava preparado para receber os fãs e entregar um show inesquecível, regado a um dia de sol maravilhoso. O DJ da label fez o aquecimento e, pontualmente, às 17:30h, Vintage Culture iniciou seu set. Muitos dos presentes esperavam uma apresentação “tradicional” de Lukas Ruiz, visto em suas diversas performances pelo Brasil pré-pandemia. Contudo, a realidade foi diferente e inusitada. Vintage entregou com maestria um verdadeiro set underground, lotado de IDs e tracks cuidadosamente selecionadas. Uma nova linha de som foi apresentada por Lukas, que acaba de retornar de mais de sete meses de turnê pelos Estados Unidos.
Diversos corações e ouvidos unidos pelo “novo” som hipnotizante de Vintage Culture fizeram dessa edição do Cercle algo muito difícil de descrever. Um pôr do sol impecável na cidade maravilhosa foi fundo de tela para uma conexão sensorial única, de fãs extremamente conectados com o artista, curtindo ao máximo cada um minuto dos 90 e poucos minutos de set. Alguns podem pensar ser exagero, outros podem dizer que é sempre assim com Lukas e seus fãs, mas o que pudemos perceber foi algo extraordinário e nunca visto antes.
Essa apresentação colocou Vintage Culture na seleta lista de grandes artistas que já passaram pelo Cercle, o que por si só já é um grande marco positivo para o Brasil e para sua carreira como um todo. Porém, o impacto foi ainda maior, devido a transformação sonora do show de Lukas. Isso não só demonstra a evolução de sua sonoridade, como também um novo posicionamento artístico que pode influenciar a cena brasileira. Como um dos maiores DJs e produtores do país, Vintage sempre serviu de exemplo para os artistas em ascensão, como inspiração de carreira e de som. Portanto, podemos esperar que essa transformação invada outros projetos brasileiros, o que transformaria, mais uma vez, a cena como conhecemos.
Esse talvez tenha sido um dos momentos mais esperados por diversos fãs brasileiros: ver Vintage Culture se posicionando como o representante brasileiro na música eletrônica mundial e mudando o rumo da sonoridade no Brasil. Se isso de fato acontecerá, só saberemos mais para frente. Mas como análise de mercado, a possibilidade é pertinente. O que fica, no momento, é a saudade de um momento tão importante para a história.
A festa foi até as 23h, tendo um B2B de Derek e Philippe, membros da equipe do Cercle, que por quatro horas fizeram da noite ainda mais especial.
Aguardamos ansiosamente pela terceira edição do Cercle no Brasil e deixamos aqui as perguntas: onde deveria acontecer o próximo Cercle em nosso país? Quem deveria ser o artista a se apresentar?
Imagem: reprodução - Facebook.