O Tomorrowland Brasil 2024 foi tudo o que prometeram e muito mais!
O Tomorrowland passou como um caminhão. Foram três dias de evento, com o melhor que a música eletrônica pode nos oferecer. Temos muito o que falar sobre o festival, então trouxe uma análise em texto, muito pessoal minha (Pablo). Eu tenho uma conexão de história musical com o Tomorrowland muito grande e queria compartilhar a sensação de estar no Tomorrowland Brasil 2024. Inclusive, começo escrevendo no ônibus, fazendo a viagem de volta para Florianópolis, onde resido.
Não sei dizer ao certo quando conheci o festival, mas tenho fortes memórias de mim e meu amigo a caminho da escola, ouvindo um set do Dimitri Vegas & Like Mike e comentando sobre esse grande festival que acontecia na Bélgica. Desde pequeno, já tinha meus olhos e atenções voltados para o Tomorrowland. Anos se passaram e, ainda jovem, me surgiu a primeira oportunidade de ir a um evento. E adivinhem? Era um evento de transmissão do Tomorrowland 2014. Fui feliz da vida, sem saber o que me esperava.
Pela primeira vez, vi um artista tocar ao vivo: o DJ Marky. Falo com muito orgulho que ele foi o meu primeiro artista ao vivo. Em 2014, foi feito o grande anúncio de que o Tomorrowland estaria chegando até nós. Lembro de chorar de felicidade, pois a chance de realizar meu sonho de ir ao Tomorrowland era ainda maior. Mal sabia eu que só teria esse contato quase dez anos depois, em 2023.
Em 2023, eu não tinha expectativas de ir ao Tomorrowland. Não estava bem financeiramente e não tinha muita flexibilidade de horários. Então, para mim, seria mais um ano em que perderia o festival. Mas consegui um emprego novo que me deu mais estabilidade e, na semana do evento, comprei o ingresso para um dia, na quinta-feira. A ida ao Tomorrowland Brasil 2023 foi a realização do sonho de uma criança e me emocionei muito, especialmente ao ouvir Tiësto tocando vários clássicos. Mas todos sabemos o que aconteceu no ano passado: a lama acabou me frustrando bastante. Era agoniante ouvir DJs como Martin Garrix e não poder pular e dançar o set inteiro. Aquele dia saí bem desgostoso com toda a situação. Naquele momento, até concordava com a ideia de "nem pensar em Tomorrowland no próximo ano". O tempo passou e eu refleti que, mesmo passando por todo perrengue, ainda fui muito feliz. Na minha cabeça, não teria como acontecer o mesmo problema de novo, e decidi que, se possível, iria ao festival mais uma vez.
Ao abrir as pré-vendas do Tomorrowland deste ano, eu não pensei duas vezes e comprei logo para os três dias de festival. Não teria como dar errado novamente... E não deu! A organização se preparou muito para que não ocorressem as mesmas falhas. Foi um grande investimento para que o Parque Maeda recebesse a grandiosidade que é esse evento: caminhos asfaltados, pista com tapumes para que a lama não nos atrapalhasse a dançar, muita estrutura para os três dias insanos de evento. Mesmo com a chegada da indesejada chuva no primeiro dia, pudemos pular e cantar ao som daquele artista que tanto queríamos ver — no meu caso, Neelix. Nos outros dois dias, tivemos um tempo perfeito, com um céu lindo e livre de chuvas.
Este ano, a organização trouxe algumas novidades. Entre elas, os pontos de hidratação, onde podíamos encher nossa garrafinha livremente — essa novidade, sem dúvida, salvou o rolê. Mesmo com momentos de pico, quando havia filas, não demorava muito para chegar a sua vez, pois o abastecimento era bem rápido e prático. Outra novidade foram os banheiros, que ofereceram mais conforto para quem precisava usar, um upgrade bem interessante em relação ao ano passado, quando usávamos banheiros químicos.
Tinha música para diversos gostos. No primeiro dia de evento, os palcos estavam bem variados. O mais focado em uma vertente talvez fosse o Youphoria, onde havia uma forte presença de Psy-Trance. Vale lembrar a difícil escolha de onde terminar o dia de evento. No sábado, dava para ver que o lineup já estava bem mais focado em vertentes, sendo um dia muito forte para quem gosta de Drum & Bass, Tech House e Techno.
O domingo foi o mais “poderoso”, podemos dizer. Os amantes de hard ficaram em êxtase, com um dia muito forte para quem gosta de Hard Techno e Hardstyle. Mas quem aprecia o melódico também não ficou na mão, pois ótimos nomes estavam presentes nesse dia. Era tanto artista bom nesse lineup que dava até para se perder sobre para onde ir. Eu mesmo pulava de palco em palco nos três dias e, mesmo montando um cronograma certinho do que queria acompanhar, era quase impossível seguir à risca os próximos passos. Decidi também acompanhar muito do que meus amigos queriam ver, pois sabia que, não importando onde eu estivesse, seria épico ao lado deles — nada se compara a ouvir o DJ dropar aquela track linda e, na mesma hora, você e seus amigos se olharem com cara de “PQP”, vibrando juntos pela música.
E por falar em momentos, queria dizer o quão satisfatório foi viver cada um dos três dias. Assistir pela primeira vez a um artista que acompanhei a vida toda e ele, logo no começo do set, soltar uma das músicas mais clássicas de sua história — eu nem acreditei que estava ouvindo Armin Van Buuren tocar “In And Out Of Love”.
Vi um artista que acompanho há anos, sempre gostei, mas nunca pensei que um dia iria vê-lo tocar ao vivo. Junkie Kid foi uma surpresa e tanto para mim. E ainda pude cantar com todo o meu fôlego e pular de felicidade ao ver um dos projetos que mais escutei nos últimos anos. Eu entreguei toda a minha energia a Koven, música por música.
Era como se eu estivesse acompanhando toda uma linha do tempo das músicas e artistas que escutei ao longo da minha vida, dos clássicos do começo até as novidades de hoje. Todo esse sentimento explodiu no último dia, onde desabei em choro ao ouvir Alesso tocar "Calling" e “If I Lose Myself”. Abracei meus amigos, também emocionados, e tentava digerir aquele sentimento estrondoso que acabava de me acertar.
Como se toda essa carga de emoção já não fosse o suficiente, em seguida veio Alok fazendo história, com um show de drones que deixou todos boquiabertos. O brasileiro cravou um set impecável, de dar orgulho. Para finalizar toda a magia vivida, tivemos Charlotte de Witte trazendo seu poderoso techno para o palco principal, repetindo o feito já realizado na Bélgica e se tornando a primeira mulher a encerrar o Tomorrowland Brasil.
Quando o som acabou e a despedida de "Adscendo" foi feita, me vi imóvel, apreciando uma última vez todos os detalhes daquela imensa e linda estrutura. Dei meu tchau e caminhei junto de meus amigos rumo à realidade.
Eu comecei este texto com a ideia de fazer uma análise do que foi o Tomorrowland Brasil, mas acabou se tornando uma carta de amor a tudo o que vivi em 2024. Nos primeiros parágrafos, quis pontuar toda a minha trajetória com o evento para explicar o quão importantes foram cada um desses momentos e muitos outros vividos este ano. Não foi minha primeira vez no evento, mas a sensação é que agora, sim, eu senti o que queria ter sentido.
Toda a felicidade que vivi em 2023 foi extremamente maior neste Tomorrowland. E não é só porque estive presente mais dias, mas sim porque me foi entregue a verdadeira magia do que é estar no Tomorrowland: pular, cantar, dançar, dividir emoções... Estou simplesmente realizado por poder estar mais uma vez presente neste mundo de fantasia.
Tenho que parabenizar e agradecer muito toda a equipe que organizou este evento, entregando o melhor Tomorrowland Brasil até aqui. Muito obrigado! Aqui na Play BPM, estou muito feliz e orgulhoso de todo o trabalho que nossa equipe fez até a chegada do festival. Em tão pouco tempo, consegui trazer conteúdos incríveis que, com certeza, serão ainda melhores no ano que vem.
Uma última mensagem para aqueles que não foram por falta de confiança na organização ou medo de passar perrengue: sinto muito... mas vocês acabaram de perder um momento único na vida de vocês. Espero que possamos nos encontrar em 2025.
- Conteúdo autoral / por Pablo Brandine -
Imagem de capa: Reprodução/@TomorrowlandBrasil
Sobre o autor
Pablo Brandine
Se emocionar, dançar e cantar até ficar rouco. Seu amor por música caminha por todos os gêneros da eletrônica.