Psytrance no Laroc Club: uma experiência que PRECISAVA acontecer e não sabíamos
Por Cissa Gayoso
Inovar em um mercado super aquecido e lotado das mais diversas opções não é tarefa fácil, e considerando as barreiras enfrentadas por uma alta oferta de tantos eventos incríveis, pensar fora da caixa deixou de ser um fator de deslumbramento para se tornar um aspecto de sobrevivência dentro da cena eletrônica.
Em um momento em que o Brasil importa e exporta inúmeros artistas de alto nível, volta à rota das maiores festas e festivais do mundo, se torna a casa de label parties icônicas e possui cada vez mais adeptos ao movimento da dance music, como se diferenciar entre as várias opções existentes de entretenimento musical é, provavelmente, o maior questionamento na cabeça daqueles que estão por trás dos clubes e demais eventos nacionais.
E foi pensando fora da caixa que o Laroc Club fez história no último sábado (1), transformando a casinha em uma verdadeira festa rave, com o lançamento de sua nova label, Spektrum. Com aberturas que esbarravam nas dificuldades existentes no mercado atualmente, elevar o BPM do clube em Valinhos talvez tenha sido um dos maiores GOLAÇOS dos últimos tempos - um sucesso que teve como premissa o SOLD OUT anunciado na semana pré abertura.
Com um line-up que costuma marcar presença em festas e festivais mais nichados, especialmente em solo brasileiro, a última abertura no Laroc Club, sem dúvidas, ficará para a história como uma das noites mais marcantes, sorridentes, dançantes e entre amigos da casa. Mauricio K., V. Falabella, Berg, Blazy, Neelix, Aura Vortex, X-Noize e D-Stroyer quebraram TUDO do início ao fim do rolê, guiando o público para uma verdadeira viagem rumo aos valores que movem a música eletrônica em sua essência.
Paz, amor, união e respeito é o que foi encontrado na pista de dança da casinha enquanto dançávamos SEM PARAR - e nem é meme - desde o momento da chegada até o último respiro que, não teve outra opção, a não ser ser estendido por mais alguns instantes.
Chegamos no Laroc sendo agraciados com um pôr do sol em tons pasteis, daqueles que te fazem perder até o fôlego e, ao entrar na casinha, a atmosfera já dava indícios de que algo estava diferente. A área exterior do local foi toda transformada no que parecia a mistura perfeita entre um ambiente mais “comercial” e os detalhes de uma “festa na floresta”, com uma tenda típica de rave montada em sua entrada, o chão colorido e outros detalhes que te transportavam para um ambiente completamente distinto daquele com o qual estamos acostumados.
Musicalmente, a nossa viagem começou no meio do set de Falabella, perto das 18h, e, ao contrário do que é esperado em um “warm-up”, de “aquecimento” a sonzeira que estava rolando não tinha nada. Ali já deu para sentir que o aeróbio seria INTENSO até o raiar da madrugada, e assim aconteceu. Logo em seguida, fomos surpreendidos com o set do insraelense Berg, que apresentou diversos remixes de músicas já conhecidas no universo low bpm como “In The End”, do Linkin Park e “Peace Of Your Heart”, do Meduza, além, é claro, de clássicas do Psy, como “Breeze” e o remix de “Bayaka”, elevando as primeiras horas de rolê à décima potência, sem massagem.
Blazy pegou a pista fervorosa e, com maestria, manteve a energia lá em cima com sua performance digna do título de brasileiro com mais músicas no topo dos charts da vertente no Beatport. Dando o primeiro kick em sua track original, “The Chase”, uma das mais aguardadas pelos fãs para ser lançada, o artista apresentou, no início de seu set, sua nova sonoridade mais grooveada, dançante e instrospectiva. Em seguida, lançou alguns de seus hits mais brabos, como “Interlude”, “Tandava” e o remix de “Balikali”, além de versões de psy para as clássicas “Sweet Disposition” e “Innerbloom”, finalizando o set com esse hino de Rüfüs Du Sol. Com isso, o artista de apenas 26 anos deixou todo seu coração na pista, se mostrando extremamente emocionado em estar na cabina do clube.
O nome mais esperado da noite, uma das maiores referências de Psytrance no mundo, Neelix chegou chegando e, a partir dali, sabíamos que o Laroc nunca mais seria o mesmo. O nerd alemão mais amado da cena fez uma apresentação que é até difícil descrever em palavras, bem daquele naipe: “só quem viveu, sabe”. Distribuindo todo seu amor pela música, sorrisos de orelha a orelha, um carisma ímpar, mochilas e até copos, Henrik Twardzik fez o público entrar em transe com sua performance, tocando uma track melhor do que a outra, em uma sequência que simplesmente não dava para ficar parado. Aqui vale o destaque para o momento em que “Give It To Me”, remix de Neelix com o brasileiro Sighter, ecoou nas caixas de som, deixando todo mundo eufórico em cada centímetro quadrado do clube.
Com a missão de receber a pista de Neelix, o cuiabano Rodolfo Tschöpe, aka Aura Vortex, não deixou por menos, começando sua apresentação com um dos maiores hinos da música eletrônica, “I Wish”, de Infected Mushroom. Ali ele já tinha o público em suas mãos e, aproveitando esse “momentum”, manteve a pista quentíssima até o fim de seu set, terminando de maneira APOTEÓTICA, com sua track “Horizons - Interestellar” ao lado de Blazy, uma das mais aguardadas da noite.
Caminhando para o final, X-Noize, dos mesmos criadores de Major7, um dos projetos mais icônicos da história do Psy, apresentou um set old school para ninguém colocar defeito. Com um progressive das antigas, sua nostalgia levou o público para uma verdadeira jornada de volta ao início do século XXI.
Por último, mas definitivamente não menos importante, D-Stroyer fez jus ao seu nome e DESTRUIU tudo, no melhor sentido possível da expressão. Com o BPM mais elevado ainda, Delano Salviano, nome por trás do projeto, jogou gasolina em uma pista que já estava pegando fogo, transformando o “ir embora” em uma missão impossível. Maior expoente do hardstyle no Brasil, o DJ e produtor ainda estendeu seu set em 45 minutos, uma vez que o público estava sedento por mais Spektrum, e não estava pronto para deixar a pista de dança.
E foi então, às 3:45 da manhã que a primeira edição da label de Trance do Laroc Club chegou ao fim, deixando todo mundo boquiaberto e com um gostinho de quero mais.
Como falado no início do relato, essa abertura não poderia ter sido melhor para a casinha, que se mostrou inovativa e resiliente diante de um cenário em que pensar fora da caixa se tornou sinônimo de sobrevivência na cena.
Assim, mal podemos esperar pelos próximos passos de Spektrum, selo que, ao que tudo indica, veio para ficar e dará muito o que falar por aí, afinal de contas, ainda há muitos artistas incríveis capazes de transformar o Laroc em uma verdadeira festa rave!
Imagem de capa: Gui Urban
Sobre o autor
Cissa Gayoso
Sendo fruto do encontro de uma violinista com um violonista, a música me guia desde sempre e nela encontrei a família que escolhi para chamar de minha. A partir de 2021, transformei minha paixão em profissão e, desde então, vivo imersa nas oportunidades e vivências que este universo surpreendente da arte me entrega a cada momento! De social media à editora-chefe da Play BPM, as várias facetas do meu ser estão em constante mudança, mas com algumas essências imutáveis: a minha alma que ama sorrir, a paixão por música, pela arte da comunicação, e as conexões da vida que fazem tudo valer a pena! 🚀🌈🍍