EXPO E-Music & Art foi o rolê essencial do ano e contamos o porquê
Se você não considera o Brasil um epicentro na música eletrônica mundial, eu acho que chegou a hora de pensar melhor. Com artistas brasileiros conquistando espaço no mercado internacional, grandes festivais de olho no país tropical e um público sedento – e engajado – por tudo aquilo que faz seu coração pulsar mais forte, a terrinha tem tudo que é necessário para se tornar, cada vez mais, uma referência em Dance Music no mundo inteiro.
Fechando um ciclo – e abrindo um novo – importantíssimo dentro da cena, considerando o período pandêmico que vivemos nos últimos dois anos, a EXPO E-Music & Art mostrou porque é "onde o mercado da música eletrônica acontece". A conferência, que veio com a promessa de ser o maior e mais relevante encontro entre os maiores players da dance music brasileira no pós-pandemia, cumpriu com maestria seu objetivo.
No dia 25 de novembro, a Audio, em São Paulo, foi palco de painéis incríveis, muito networking, interações, ativações, aquela sonzeira de qualidade e, claro, conexões entre indivíduos.
Ao entrar no evento, você era recepcionado pelo staff sorridente e simpático e, então, recebia uma credencial personalizada com seus dados para identificação ao longo do dia, facilitando o “approach” entre os presentes. Ainda na área externa da Audio, um showcase realizado pela Cactunes Records e pela Todayland garantiu que o evento tivesse trilha sonora durante todo o período da conferência, deixando o ambiente ainda mais propício e aconchegante para os bate-papos e conexões.
O clima no auditório, por outro lado, estava perfeito para absorção de todo o conteúdo oferecido aos ouvidos atentos, que tiveram oportunidade de ouvir algumas das maiores referências em música eletrônica no Brasil darem verdadeiras aulas sobre suas áreas.
Começando pelo painel de Festivais Internacionais com mediação de Victor Flosi (E-Music Relations), Madu (Entourage) e Silvio Conchon (Afterlife/Circoloco) deram início às palestras, abordando as dificuldades e desafios de se realizar eventos tão grandiosos em nosso mercado. Logo em seguida, os incríveis artistas e profissionais de Audiovisual de Eventos, Nunu Soares (AP 46), Bruno Couto (Flashbang), Fernando Sigma (Sigma F) e Pedro Pini (Image Dealers) entregaram tudo em um papo sobre como conseguem capturar as mais sinceras emoções pelas lentes de suas câmeras, com direito a um drone sobrevoando a plateia e demonstrações de equipamentos, tudo isso sob mediação de Lorran Nascimento.
Finalizando o primeiro bloco da manhã com um papo a respeito dos Réveillons do Nordeste, Rafa Almeida (Let’s Pipa), Pedrinho Alcântara (Réveillon Carneiros) e Pedrinho Braun (Réveillon dos Milagres), mediados por Jode Seraphim (We Go Out), conversaram sobre como estão os preparativos para as comemorações de ano novo em alguns dos lugares mais lindos do país.
Apenas com os primeiros momentos do evento, já dava para sentir que a EXPO não estava para brincadeira e ali já havia sinais de que o dia seria incrível – e realmente foi.
Dando início ao período da tarde, o painel Psytrance no Brasil, também mediado por Lorran, contou com a presença de Falabela (Agência Season), Mauricio K (Agência DM7), Ekanta (Universo Paralello) e PH (Mundo Psicodélico), precedendo o tema Universidade de Eventos Digitais (UED), com Luiz Claudio Duarte, Pedro Miranda, Gabriel Turrini e Nayara Flores, com mediação de Lorran, explicando mais sobre os cursos que a universidade faz para profissionalizar pessoas dentro do mercado de música eletrônica.
Um dos grandes destaques da conferência, o painel Imprensa Especializada, contou com a presença de representantes dos maiores veículos do Brasil. Mediado por Victor Flosi (E-Music Relations), Rodolfo Reis (Play BPM), Bruna Antero (We Go Out), Ana Luiza (DJ Mag), Luiza Serrano (House Mag) e Alan Medeiros (Alataj) conversaram sobre a importância de valorizar o trabalho da mídia especializada em um mercado nichado e específico como o de e-music.
Também muito relevante, a palestra com Orlando Rodrigues (CONTROVERSIA), Guilherme Tenenbaum (Braslive), Felippe Senne (HUB Records) e Gaba Kamer (House Mag Records/UP Club Records) sobre as Gravadoras Nacionais foi um sucesso, lotando o auditório e conquistando a atenção dos ouvintes que não desgrudaram os olhos do palco. Mediado por Tiago Melchior (HUB Records), esse foi um assunto bem requisitado pelos artistas que estão começando, que ficaram atentos às palavras dos responsáveis pelas maiores gravadoras do país.
O período da noite foi iniciado com uma palestra não somente importante, como necessária. Carola (DJ), Sarah Correa (Manager), Cuca Pimentel (Tour Manager) e Milly Paiva (Laroc), com mediação de Lisa Uhlendorff (M-S Live), debateram sobre os desafios de ser mulher em um universo majoritariamente masculino. Assédio na cena, a falta de reconhecimento, a diferença salarial, momentos difíceis, muita superação e resiliência foram alguns dos pontos mencionados ao longo dos 50 minutos do painel que, infelizmente, teve menos adesão do que o esperado.
Em seguida, o público da EXPO pôde beber direto da fonte sobre tudo o que faz o mercado de bookings girar dentro da música eletrônica brasileira sob a ótica de Paul Manzon (Plusnetwork), Denise Klein (Entourage), Pedro Lima (BOX Talents) e Priscila Prestes (Alliance), com mediação de Amanda Nakao (Wonderland In Rave).
Zagonel (Warung), Fauze Abdouch (Laroc e Ame), Octávio Fagundes (Privilège) e Eli Iwasa (CAOS) botaram para quebrar no painel Clubes Nacionais, com mediação de Victor Flosi. Os quatro foram além do universo da música eletrônica e apresentaram uma verdadeira aula sobre negócios. Com foco no cliente, a principal mensagem do debate foi a de que “constância” e “experiência” são palavras chaves para garantir o sucesso em um empreendimento, seja ele qual for.
Na sequência, os gigantes produtores de eventos, Du Serena (Tribe Festival), Erick Dias (XXXperience), Ratier (D-Edge e Surreal) e Edu Poppo (Be On) conversaram com Victor Flosi sobre como se reinventaram no período pandêmico que vivemos nos últimos tempos e sobre as expectativas para o que promete ser um ano importantíssimo para o futuro do mercado de entretenimento musical especializado em música eletrônica no Brasil.
Fechando com chave de ouro as palestras da conferência, os artistas FFLORA, Dre Guazzelli, Groove Delight e DJ Glen trocaram ideia sobre aspectos do dia-a-dia de um artista no painel DJs Low BPM. Os assuntos foram desde saúde mental até rituais que cada um possui para incentivar seus processos criativos. O papo foi leve e muito produtivo, perfeito para coroar um dia recheado de conhecimento, interação e conexões.
Além das palestras e showcases, na EXPO E-Music & Art também havia ativações e instalações iradas, como a Oficina de DJs da DJ BAN, onde os participantes puderam aprender macetes na arte de mixagem, uma exposição de fotos do fotógrafo Fabrizio Pepe, uma experiência de áudio imersivo com tecnologia Dolby Atmos apresentado pelo ANZ Studio e a galera da Flashbang criando conteúdos interativos ao vivo para quem quisesse acompanhar e participar da experiência.
Como diria o ditado “Work Hard, Play Hard” e, após um dia de muitas conexões, trabalho, networking e interações, a EXPO Party, festa de encerramento da conferência, coroou o evento daquele jeito que tanto amamos: com uma sonzera absurda que nos embalou até a manhã do dia seguinte. O comando das CDJs ficou por conta de Renato Ratier, Eli Iwasa, DJ Glen, FFLORA, Dre Guazzelli e Galucci, artistas que deram o tom no clube da Audio na madrugada de um dia que vai ficar para a história da música eletrônica brasileira.
Após esse relato, o que fica é a saudade e a certeza de que nos encontraremos em 2022. Quando o final do ano se aproxima e um ciclo se encerra no dia 31 de dezembro, é comum dizermos que o ano que passou foi muito difícil e que o próximo será melhor, mesmo sem termos a certeza disso. Após a EXPO E-Music & Art e no que depender de nós, estamos convictos de que 2022, para a música eletrônica, será, no mínimo, um ABSURDO!
Sobre o autor
Cissa Gayoso
Sendo fruto do encontro de uma violinista com um violonista, a música me guia desde sempre e nela encontrei a família que escolhi para chamar de minha. A partir de 2021, transformei minha paixão em profissão e, desde então, vivo imersa nas oportunidades e vivências que este universo surpreendente da arte me entrega a cada momento! De social media à editora-chefe da Play BPM, as várias facetas do meu ser estão em constante mudança, mas com algumas essências imutáveis: a minha alma que ama sorrir, a paixão por música, pela arte da comunicação, e as conexões da vida que fazem tudo valer a pena! 🚀🌈🍍